A bandeira do Rio Grande do Sul tem sua origem nos desenhos de rebeldes durante a Guerra dos Farrapos, em 1835, mas sem o brasão de armas até então. Sua autoria é controversa; alguns apontam Bernardo Pires, enquanto outros apontam José Mariano de Mattos. A bandeira foi oficializada como bandeira do estado em 5 de janeirode 1966, já com o brasão de armas na parte central.
Significados
Não há um consenso sobre o significado das cores da bandeira riograndense. Algumas fontes alegam que as cores simbolizam o auriverde do Brasil separado pelo vermelho da guerra. Há outras que afirmam ser a bandeira uma combinação do rubroverde da bandeira Portuguesa com o aurivermelho da bandeira espanhola, o que faria todo o sentido em uma região de fronteira entre essas duas potências coloniais; há que se salientar, todavia, que à época da Revolução Farroupilha, as cores nacionais de Portugal eram o alviceleste, símbolo da monarquia, e que só mudaria para o rubroverde mais de meio século depois.
A versão mais aceita é de que o verde e o amarelo representa o Brasil e a faixa vermelha representa o sangue, a república e a liberdade.
Liberdade, igualdade e humanidade
Sabe-se que o lema escrito na bandeira do estado, tanto quanto os símbolos, estão diretamente ligados à Maçonaria, haja vista que a elite gaúcha militar e política à época da Guerra dos Farrapos era, em sua maioria, maçônica.
O HINO RIO-GRANDENSE
Oficializado pela Lei 5.213, de 5.1.1966
Letra: Francisco Pinto da Fontoura (mais conhecido pela alcunha de Chiquinho da Vovó) Música: Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha Harmonização: Antônio Corte Real Como a aurora precursora do farol da divindade, foi o Vinte de Setembro o precursor da liberdade.
Estribilho: Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra, sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.
Mas não basta pra ser livre ser forte, aguerrido e bravo, povo que não tem virtude acaba por ser escravo.
História do Hino Rio-Grandense
Letras e Autores
O Hino Rio-Grandense que hoje cantamos tem a sua história particular e, porque não dizer, peculiar. Porque muitas controvérsias apresentou, desde seus tempos de criação até os tempos de então. Oficialmente existe o registro de três letras para o hino, desde os tempos do Decênio Heróico até aos nossos dias. Num espaço de tempo de quase um século foram utilizadas três letras diferentes até que finalmente foi resolvido, por uma comissão abalizada, que somente um deles deveria figurar como hino oficial.
O Primeiro Hino
A história real do Hino, começa com a tomada da então Vila de Rio Pardo, pelas forças revolucionárias farroupilhas. Ocasião em que foram aprisionados uma unidade do Exército Imperial, o 2° Batalhão, inclusive com a sua banda de música. E o mestre desta banda musical, Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento que também foi feito prisioneiro era um músico muito famoso e considerado um grande compositor. Após a sua prisão ele, Mendanha, teria sido convencido a compor uma peça musical que homenageasse a vitória das forças farroupilhas, ou seja a brilhante vitória de 30 de abril de 1838, no célebre “Combate de Rio Pardo”. Mendanha, diante das circunstâncias, resolveu compor uma música que, segundo alguns autores, era um plágio de uma valsa de Strauss. A melodia composta por Mendanha era apenas musicada. E o capitão Serafim José de Alencastre, pertencente as hostes farrapas e que também era versado em música e poesia, entusiasmado pelos acontecimentos, resolveu escrever uma letra alusiva à tomada de Rio Pardo.
O Segundo Hino
Quase um ano após a tomada de Rio Pardo, foi composta uma nova letra e que foi cantada como Hino Nacional, o autor deste hino é desconhecido, oficialmente ele é dado como criação de autor ignorado. O jornal “O Povo”, considerado o jornal da República Riograndense em sua edição de 4 de maio de 1839 chamou-o de “o Hino da Nação”.
O Terceiro Hino
Após o término do movimento apareceu uma terceira letra, desta vez com autor conhecido: Francisco Pinto da Fontoura, vulgo “o Chiquinho da Vovó”. Esta terceira versão foi a que mais caiu no agrado da alma popular. Um fato que contribui para isto foi que o autor, depois de pronto este terceiro hino, continuou ensinando aos seus contemporâneos o hino com sua letra. A letra deste autor é basicamente a mesma adotada como sendo a oficial até hoje, mas a segunda estrofe, que foi suprimida posteriormente, era a seguinte:
Entre nós reviva Atenas Para assombro dos tiranos; Sejamos gregos na Glória, E na virtude, romanos.
O Hino Definitivo
Estas três letras foram interpretadas ao gosto de cada um até meados do ano de 1933, ano em que estavam no auge os preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”. Nesse momento um grupo de intelectuais resolveu escolher uma das versões para ser a letra oficial do hino do Rio Grande do Sul. A partir daí, o Instituto Histórico contando com a colaboração da Sociedade Rio-Grandense de
Educação, fez a harmonização e a oficialização do hino. O Hino foi então adotado naquele ano de 1934, com a letra total conforme fora escrito pelo autor, no século passado, caindo em desuso os outros poemas. No ano de 1966, o Hino foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei 5213 de 05 de janeiro de 1966, quando foi suprimida a segunda estrofe.
ÁRVORE SÍMBOLO DO RIO GRANDE DO SUL:ERVA MATE
A importância do mate na formação do Gaúcho foi além do aspecto econômico, pelo seu uso generalizado tornou-se tradicional.
A erva-mate (ilex paraguaiensis ilex-mate) é uma planta nativa do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, e Paraguai.
O uso de erva-mate remonta aos índios guaranis que habitavam este território. Segundo várias fontes históricas, inicialmente o mate era usado somente pelo feiticeiro ou pajé que recebia inspiração e proteção, atribuindo seu uso à Tupã (Deus do Trovão) que transmitia suas virtudes através dela.
Para tomar mate, o guarani usava o porongo, fruto de uma planta rasteira. Esse porongo, depois de seco e cortado fornecia um recipiente, chamado em guarani caígua, isto é, caa (erva), i (água) e guá (recipiente). A água era servida através de um canudo de taquara chamado tacuápi: tacuá (cana oca), api (lisa ou alisada). Este canudo apresentava na base inferior um detalhado trançado de fibras, o bojo, impedindo que as partículas da folha (erva) fossem ingeridas; era o protótipo da bomba.
A cambona ou chaleira era chamada itacuguá: i (água), tacu (quente) e guá (recipiente), recipiente para água quente, que era de cerâmica, onde colocavam água e esquentavam colocando pedrinhas retiradas do fogo.
Alguns historiadores atribuem a torrefação da erva-mate (barbaquá), aos jesuítas.
O mate logo passou dos índios para os conquistadores, e daí para os mestiços, crioulos, negros, açorianos e colônias de imigrantes, atravessando o tempo como algo valiosíssimo, conservando suas caracteríticas e confirmando a tradição popular até nossos dias.
O mate também simbolizou, ao longo dos séculos, a hospitalidade do gaúcho, que é uma das marcas tradicionais do nosso povo.
QUERO QUERO PÁSSARO SÍMBOLO DO RIO GRANDE DO SUL
Pela Lei n 7.418, de 1º de dezembro de 1980, o Estado do Rio Grande do Sul instituiu, como sua Ave-símbolo, o Quero-Quero, cujo nome científico é Venellus chilensis. Popularmente, também é conhecido como “térem-terém”, ou “téu-téu”.
O quero-quero tem voz extremamente estridente. Adota, às vezes, a tática de pescar, semelhante a certas garças, espantando larvas de insetos e peixinhos ocultos na lama, mexendo rapidamente um
pé. É comum em todo o folclore brasileiro, de Norte a Sul, participar de cantos, estórias, tradições. Também é cantado e citado em poemas regionais do Rio Grande do Sul.
Rui Barbosa, em 1914, incluiu-o num discurso célebre pela vivacidade maliciosa e originalidade da sátira. Evocou a “figura imperatória do quero-quero, o chantecler dos potreiros. Este pássaro curioso, a que a natureza concedeu o penacho da garça real, o vôo do corvo e a laringe do gato, tem o dom de encher os descampados e sangas das macegas e canhadas com o grito estrídulo, rechinante, profundo, onde o gaúcho descobriu a fidelíssima onomatopéia que o batiza”.
Ave tradicional dos campos gaúchos, com o chamativo de preto, branco e cinzento na plumagem, o penacho na cabeça com cauda branca e os olhos vermelhos. O quero-quero é facilmente encontrado em todas as estações do ano, em qualquer parte do Estado onde existe um pedaço pequeno de seu habitat preferido, o campo.
Vive em casais e a fêmea normalmente põe de três a quatro ovos em campo aberto. O casal defende rigorosamente seu território de criação, com vôos rasantes, atacando os intrusos. Possui um esporão pontudo, ósseo, no encontro da asa e que pode ser usado para a sua defesa.
Vê-lo cruzando no céu ou ouvi-lo cantando ao longe é como receber boas-vindas por estar no RS. Chamado de “Sentinela dos Pampas”, está sempre em alerta, noite e dia, dando sinais a grande distância de quem se aproxima.
FLOR BRINCO DE PRINCESA
Por intermédio do Decreto nº 38.400, de 16 de abril de 1998, instituiu-se como Flor-símbolo do Estado do Rio Grande do Sul, a espécie “Brinco-de-princesa”, Fuchsia regia (Vell.) Munz, da família Onagraceae.
A família botânica das Onagráceas é originária da América Central, e no Rio Grande do Sul, ocorre nas regiões mais altas, no Noroeste do Estado.
A indicação da Fuchsia regia como flor-símbolo, foi devido o seu aspecto de grande beleza, facilidade de cultivo e potencial paisagístico.
As flores “brincos-de-princesa”, em sua grande maioria, cultivadas como plantas ornamentais, são híbridas, e que se contam hoje aos milhares.
Caracterizam-se por serem arbustos de folhas ovais ou lanceoladas (forma de lança), algo denteada (de bordos com entalhes perpendiculares a linha do comprimento), opostas, caules flexíveis, que lignificam ao passar do tempo. As flores são axilares isoladas, mas abundantes: cálice tubular dividido em quatro sépalas e corola com quatro pétalas de cores vermelho-arroxeadas, envolvendo a corola roxo-violeta.
São cultivadas a pleno sol ou à meia-sombra, geralmente como plantas isolada, apoiado em grades, colunas e postes ou em vasos e jardineiras, como plantas pendentes. Destacam-se por se adaptar a climas frios e a tolerar geadas. As flores são muito visitadas por beija-flores.
Multiplicam-se facilmente por estaquia, principalmente quando preparadas nos meses de verão e colocadas para o enraizamento dentro de estufas. Requerem solos com bom teor de matéria-orgânica.
Entre as espécies naturais do Brasil, além de Fuchsia regia, figuram: F. petiolaris, F. glazioviana, F. mollis, F. pubescens, e a trepadeira F. integrifolia, que chega atingir 10 metros de altura.
De todas as espécies citadas, a mais surpreendente provavelmente seja a Fuchsia exorticata, da Nova Zelândia, que chega alcançar 15 metros de altura.
ANIMAL SIMBOLO DO RIO GRANDE DO SUL CAVALO CRIOULO
Rústico, resistente e versátil. O cavalo Crioulo reúne estas características tão cobiçadas pelos criadores depois de mais de 400 anos de seleção natural em pastagens escassas, temperaturas extremas, caminhos trágicos de feridas e sede.Inspira sentimentos traduzidos em canções, poesias, pinturas e esculturas. O símbolo do Rio Grande é sinônimo de companheirismo e devoção, alimentados por séculos de interdependência. Sempre fiel, foi o guerreiro dos índios, garantiu a sobrevivência, auxiliando na busca do alimento e servindo como arma tamanha força e valentia em guerras e batalhas travadas pela História. E foi esta coragem e habilidade que concretizou o sonho de liberdade, independência e mantém registrada a imagem do herói Sepé Tiaraju empunhando uma lança, montado em seu cavalo Crioulo. Hoje, mesmo com o avanço tecnológico, o cavalo ainda não pode ser substituído por máquinas nas lidas de campo. Talvez, porque no pensamento mais profundo, o homem não queira perder este, muitas vezes, membro da família, outras tantas, amigo - como se pode sintetizar esta relação de afeto entre o gaúcho e seu cavalo
Habilidade à prova
A peculiar funcionalidade da raça motivou a realização de provas que demonstrassem esta habilidade. Em 1977, foi realizada então a 1ª Exposição Funcional de Jaguarão, através da qual os criadores perceberam a importâncias destas provas para a evolução da raça. O sucesso foi crescente e, em 1980, atraiu inclusive o presidente da República, general João Batista Figueiredo. Mas foi em 1982, quando a ABCCC completava 50 anos, que o presidente da entidade, Gilberto Azambuja Centeno, oficializou o Freio de Ouro como a prova campeira realizada durante a Expointer. Jaguarão passou a ser uma etapa classificatória, assim como Bagé, Pelotas e Uruguaiana. Hoje já foram inúmeras as alterações que o Freio de Ouro sofreu, começando pelo nome que levou o batismo de “Flavio e Roberto Bastos Tellechea”, irmãos e incentivadores da raça crioula. As quatro etapas classificatórias tornaram-se 30 fases credenciadoras, seis classificatórias no Rio Grande do Sul, uma em São Paulo, Paraná ou Santa Catarina, além da internacional no Uruguai e Argentina A grande final acontece sempre em Esteio, na Expointer. A partir de 1994, foram criadas categorias de machos e fêmeas. Outras modalidades também foram desenvolvidas no decorrer dos anos. O tiro-de-laço, a paleteada, os enduros, as rédeas e as cavalgadas reúnem milhares de pessoas, movimentam a economia do Estado e difundem a raça por todo o mundo. Hoje o cavalo Crioulo abriu as porteiras e entrou nas cidades. A paixão pela docilidade incentivou a abertura de hotelarias, permitindo que os moradores de grandes centros urbanos mantenham seus animais cuidados e para cavalgarem nos finais de semana. A criação por lazer, muitas vezes, dá vazão ao esporte eqüestre e à participação em provas profissionais. A capacidade de congregar pessoas e de preservar as tradições gaúchas são dois importantes atrativos do universo do Crioulo. Em agosto de 2002, esta relação de amor foi homenageada pela Assembléia Legislativa do RS. Esta foi a data de aprovação do projeto nº 59/2001, de autoria do presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, deputado Frederico Antunes, que institui o crioulo como animal símbolo do Rio Grande do Sul.
ESCUDO DE ARMAS (BRASÃO DE ARMAS )
O brasão possui uma elipse vertical em pano branco, onde está inserido o brasão. Circundado por um lenço nas cores do estado. Sob o brasão, Lê-se o lema "Liberdade, Igualdade, Humanidade". Lema esse que tem origem na Maçonaria e na Revolução Francesa. No centro está um barrete frígio, um símbolo republicano desde a queda da Bastilha.
O brasão rio-grandense é o mesmo da época dos farrapos com algumas pequenas modificações. Por isso possui a inscrição "República Rio-Grandense", junto com a data do início da Revolução Farroupilha, 20 de setembro de 1835, data amplamente comemorada no estado.
Acredita-se que foi desenhado originalmente pelo padre Hidelbrando e em arte final pelo Major Bernardo Pires.
O Brasão foi adotado pelo mesmo decreto que instituiu o Hino e a Bandeira do Estado.
Decreto estadual nº 5.213, de 5 de Janeiro de 1966.
O SABOR DO MATE AMARGO
Um dos costumes que mais identificam um gaúcho é o ato de sorver o chimarrão. Esse hábito é como um chamamento , nada melhor que uma boa roda de chimarrão , então amigo pega teu amargo e te aprochega...
A HISTÓRIADO CHIMARRÃO
tradição além das fronteiras gaúchasTradição além das fronteiras gaúchas
Uma lenda indígena, descrita por Alcides Gatto, da Universidade Federal de Santa Maria, indica como começou o uso da erva mate. A mais antiga aponta para a trajetória de uma tribo nômade de índios guarany. Um dia, um velho índio, cansado das andanças, recusou-se a seguir adiante, preferindo ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, apesar do coração partido, preferiu ficar com o pai, amparando-o até que a morte o levasse à paz do Yvi-Marai, a seguir adiante, com os moços de sua tribo.
Essa atitude de amor rendeu-lhe uma recompensa. Um dia um pajé desconhecido encontrou-os e perguntou à filha Jary o que é ela queria para ser feliz. A moça nada pediu, mas o velho pediu ‘renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo’. O pajé entregou-lhe uma planta muito verde, perfumada de bondade, e o ensinou que, plantando e colhendo as folhas, secando-as ao fogo e as triturando, devia colocá-las num porongo e acrescentar água quente ou fria. ‘Sorvendo essa infusão, terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão’. O ancião se recuperou, ganhou forças e viajou até o reencontro de sua tribo. Assim nasceu e cresceu a caá-mini, que dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão. A origem do nome mate vem do povo espanhol, que preferiu usar a palavra ‘mati’ (cuia), da língua quíchua, para se ajustar melhor à modalidade grave do idioma. No entanto, logo foi substituída por uma palavra guarany – caiguá – nome composto por caá (erva), i (água) e guá (recipiente).
Curando as ‘borracheras’ A tradição do chimarrão é antiga e remete a tradição à história da colonização espanhola. Soldados espanhóis, que aportaram em Cuba e foram ao México ‘capturar’ os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. Impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina: Assunción del Paraguay. Acostumados a grandes ‘borracheras’ - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda - os desbravadores, nômades por natureza, sofriam com a ressaca. Aos poucos, foram tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany e notavam que no dia seguinte ficavam melhores. Realmente, o mate amargo é um bom ativante do fígado, auxiliando a curar o mal-estar causado pela bebida. O porongo e a bomba do chimarrão eram retirados de floresta de taquaras, às margens do rio Paraguay. Por causa da tradição, os paraguaios tomam a bebida fria e em qualquer tipo de cuia. É o chamado tererê, que pode ser ingerido com gelo e limão ou com suco de laranja e limonada no lugar da água. No Brasil, a erva é socada; na Argentina e no Uruguai, triturada. Nos países do Prata, ela é mais forte e amarga, sendo recomendada para quem sofre de problemas no fígado.
Um prazer compartilhado Uma roda de chimarrão é um momento de descontração, fazendo parte de um ritual indispensável para unir gerações. O mate pode ser tomado de três maneiras: solito (isoladamente), parceria (uma companheira ou companheiro) e em roda (em grupo). O mate solito faz parte da cultura do homem que não precisa de estímulo maior para matear do que sua própria vontade. Pode-se dizer que é o verdadeiro mateador, ao contrário do mate de parceria, em que a pessoa espera por um ou dois companheiros. É na roda de mate, porém, que esta tradição conquistou seu apogeu, agrupando pessoas em torno de uma mesma ação: chimarraer. Aos navegantes de primeira viagem, um aviso: nunca peça um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de forma sutil, esperando que lhe ofereçam. Há um respeito mítico nas rodas de mate.
Matear com excelência Ao adquirir uma cuia nova é preciso curtí-la por, no mínimo, três dias, ato que é conhecido como curar uma cuia. Deve-se enche-la de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente, mantendo o pirão sempre úmido, impregnando, assim, o gosto da erva em suas paredes. A cinza é utilizada para dar maior resistência ao porongo. Passando o tempo, retira-se a erva-mate da cuia com uma colher para eliminar os restos de erva. Basta enxaguá-la com água quente e estará pronta para ser usada. O mate se cura cevando, ou seja, quanto mais vezes é tomado, melhores serão os mates.
O ato de preparar o mate pode ser chamado de: cevar o mate fechar o mate fazer o mate enfrenar o mate ou chimarrão A palavra amargo também é usada em lugar de mate ou chimarrão. Convite para tomar mate: vamos matear? vamos gervear? vamos chimarrear? vamos verdear? vamos amarguear? vamos apertar um mate? vamos tomar mate ou um mate? vamos tomar um chimarrão? que tal um mate? A mão direita – A entrega da cuia e o recebimento do mate deve ser feito com a mão direita. Enchendo o mate - Pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate. seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate. A água para preparar o mate - A temperatura nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando-o rapidamente. O pialador de mate - É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, posiciona-se à frente da pessoa que está mateando e à esquerda na mão da roda. O correto é ficar antes do mateador, sempre a sua direita. A água do mate - A água nuncadeverá ser fervida, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia. Cevar com cachaça - Quando as pessoas fecham um mate (ato de prepará-lo), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois ela fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se completamente o líquido. Só o cevador pode mexer no mate - A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito mexer sem permissão. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo do problema. Em roda de mate - É comum, após o primeiro mate, que sempre é do iniciar a rodaa pelo mais velho ou por alguém a quem se queira homenagear. O primeiro mate - Todo aquele que fecha um mate deve tomá-lo primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato se tornou tradicional devido a épocas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado. Há a lenda jesuíta, que atribuía valores afrodisíacos ao mate. Para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate. Roncar a cuia - Uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.
Os dez mandamentos do chimarrão 1) Não peças açúcar no mate 2) Não digas que o chimarrão é anti-higiênico 3) Não digas que o mate está quente demais 4) Não deixes um mate pela metade 5) Não te envergonhes do "ronco" no fim do mate 6) Não mexas na bomba 7) Não alteres a ordem em que o mate é servido 8) Não "durmas" com a cuia na mão 9) Não condenes o dono da casa por tomar o 1º mate 10) Não digas que chimarrão dá câncer na garganta
Mate para estribo - É o último mate para brindar um visitante pronto para partir Como o mate do João Cardoso - Fato que nunca se realiza Aquentar água para outro tomar mate - Preparar um negócio para outro colher os lucros Andar de carijo aceso - Moça que anda ‘feito louca’ atrás de namorado A vida é como o mate, cura cevando - É vivendo que se aprende Fulano anda tomando mate com rapadura - Estar feliz, alegre Andar com cara de mate fervido - Andar sem graça, triste Primeiro os encargos, depois os amargos - Primeiro as obrigações, depois os mates
Uma lenda indígena, descrita por Alcides Gatto, da Universidade Federal de Santa Maria, indica como começou o uso da erva mate. A mais antiga aponta para a trajetória de uma tribo nômade de índios guarany. Um dia, um velho índio, cansado das andanças, recusou-se a seguir adiante, preferindo ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, apesar do coração partido, preferiu ficar com o pai, amparando-o até que a morte o levasse à paz do Yvi-Marai, a seguir adiante, com os moços de sua tribo.
Essa atitude de amor rendeu-lhe uma recompensa. Um dia um pajé desconhecido encontrou-os e perguntou à filha Jary o que é ela queria para ser feliz. A moça nada pediu, mas o velho pediu ‘renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo’. O pajé entregou-lhe uma planta muito verde, perfumada de bondade, e o ensinou que, plantando e colhendo as folhas, secando-as ao fogo e as triturando, devia colocá-las num porongo e acrescentar água quente ou fria. ‘Sorvendo essa infusão, terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão’. O ancião se recuperou, ganhou forças e viajou até o reencontro de sua tribo. Assim nasceu e cresceu a caá-mini, que dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão. A origem do nome mate vem do povo espanhol, que preferiu usar a palavra ‘mati’ (cuia), da língua quíchua, para se ajustar melhor à modalidade grave do idioma. No entanto, logo foi substituída por uma palavra guarany – caiguá – nome composto por caá (erva), i (água) e guá (recipiente).
Curando as ‘borracheras’ A tradição do chimarrão é antiga e remete a tradição à história da colonização espanhola. Soldados espanhóis, que aportaram em Cuba e foram ao México ‘capturar’ os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. Impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina: Assunción del Paraguay. Acostumados a grandes ‘borracheras’ - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda - os desbravadores, nômades por natureza, sofriam com a ressaca. Aos poucos, foram tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany e notavam que no dia seguinte ficavam melhores. Realmente, o mate amargo é um bom ativante do fígado, auxiliando a curar o mal-estar causado pela bebida. O porongo e a bomba do chimarrão eram retirados de floresta de taquaras, às margens do rio Paraguay. Por causa da tradição, os paraguaios tomam a bebida fria e em qualquer tipo de cuia. É o chamado tererê, que pode ser ingerido com gelo e limão ou com suco de laranja e limonada no lugar da água. No Brasil, a erva é socada; na Argentina e no Uruguai, triturada. Nos países do Prata, ela é mais forte e amarga, sendo recomendada para quem sofre de problemas no fígado.
Um prazer compartilhado Uma roda de chimarrão é um momento de descontração, fazendo parte de um ritual indispensável para unir gerações. O mate pode ser tomado de três maneiras: solito (isoladamente), parceria (uma companheira ou companheiro) e em roda (em grupo). O mate solito faz parte da cultura do homem que não precisa de estímulo maior para matear do que sua própria vontade. Pode-se dizer que é o verdadeiro mateador, ao contrário do mate de parceria, em que a pessoa espera por um ou dois companheiros. É na roda de mate, porém, que esta tradição conquistou seu apogeu, agrupando pessoas em torno de uma mesma ação: chimarraer. Aos navegantes de primeira viagem, um aviso: nunca peça um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de forma sutil, esperando que lhe ofereçam. Há um respeito mítico nas rodas de mate.
Matear com excelência Ao adquirir uma cuia nova é preciso curtí-la por, no mínimo, três dias, ato que é conhecido como curar uma cuia. Deve-se enche-la de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente, mantendo o pirão sempre úmido, impregnando, assim, o gosto da erva em suas paredes. A cinza é utilizada para dar maior resistência ao porongo. Passando o tempo, retira-se a erva-mate da cuia com uma colher para eliminar os restos de erva. Basta enxaguá-la com água quente e estará pronta para ser usada. O mate se cura cevando, ou seja, quanto mais vezes é tomado, melhores serão os mates.
O ato de preparar o mate pode ser chamado de: cevar o mate fechar o mate fazer o mate enfrenar o mate ou chimarrão A palavra amargo também é usada em lugar de mate ou chimarrão. Convite para tomar mate: vamos matear? vamos gervear? vamos chimarrear? vamos verdear? vamos amarguear? vamos apertar um mate? vamos tomar mate ou um mate? vamos tomar um chimarrão? que tal um mate? A mão direita – A entrega da cuia e o recebimento do mate deve ser feito com a mão direita. Enchendo o mate - Pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate. seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate. A água para preparar o mate - A temperatura nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando-o rapidamente. O pialador de mate - É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, posiciona-se à frente da pessoa que está mateando e à esquerda na mão da roda. O correto é ficar antes do mateador, sempre a sua direita. A água do mate - A água nuncadeverá ser fervida, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia. Cevar com cachaça - Quando as pessoas fecham um mate (ato de prepará-lo), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois ela fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se completamente o líquido. Só o cevador pode mexer no mate - A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito mexer sem permissão. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo do problema. Em roda de mate - É comum, após o primeiro mate, que sempre é do iniciar a rodaa pelo mais velho ou por alguém a quem se queira homenagear. O primeiro mate - Todo aquele que fecha um mate deve tomá-lo primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato se tornou tradicional devido a épocas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado. Há a lenda jesuíta, que atribuía valores afrodisíacos ao mate. Para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate. Roncar a cuia - Uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.